terça-feira, julho 31, 2007

Ana?

Amor, lembras-te das tardes em que íamos até ao parque e comprávamos gelados? Lembras-te de quando eu te esbarrava com o gelado na cara? Lembras-te dos nossos sorrisos, lembras? Era exactamente no banco à beira do chafariz. Naquele banco, que tem lá. Sim, o que está debaixo do pessegueiro.
Tenho tantas saudades de tudo, amor. A forma calorosa em que me envolvias nos teus braços, as tuas palavras. Tu amor, tu. Por vezes questiono-me acerca da tua presença, amor. Será que saíste mesmo daqui da minha beira, do banco? Eu ainda te sinto tanto à minha volta, amor. Só eu sei que tu andas por aí a rondar-me. O mundo não sabe, tu não sabes. Este é o meu segredo, meu e da tinta.
E quando nos dirigíamos até ao lago, amor, lembras? Tu puxavas-me do banco, pelo braço como se eu fosse um boneco de palha. Quando estávamos de pé, tu ias dar de comer aos patos amor: atiravas um bocado de pão, sorrias. Davas-me um bocado de pão, eu atirava. Depois, eu olhava para ti e tu sorrias. Se há estrelas que brilham na Terra, amor, elas estão todas no teu sorriso.
Ao fim da tarde, comíamos sempre outro gelado. Tu sujavas-me sempre a cara e eu ia sempre buscar guardanapos ao café para limpar o rosto, amor. Um dia ao fim da tarde, como de costume, lá fui buscar os guardanapos. Cheguei à beira do banco e não te vi, amor. Andei às voltas no parque: nada. Nem pegadas deixaste, amor. Cansei-me e sentei-me no banco. Passou tanto tempo após o momento em que me sentei no banco. O gelado continua por acabar. Congelou. Resiste ao calor que já não existe. Que frieza, amor.

2 Comments:

Blogger daniela said...

"Tenho tantas saudades de tudo, amor. A forma calorosa em que me envolvias nos teus braços, as tuas palavras. Tu amor, tu."


Chorei, Tiago. Soubeste escolher as palavras certas...

10:32 da tarde  
Blogger Yan said...

ana

12:23 da tarde  

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