domingo, março 04, 2007

Sinto-te ( sentes-me? )

Um dia andavas tu sozinha a vaguear no céu. Um dia eu fui ao céu, tu viraste-te para mim e disseste, sente. Eu senti. Senti de novo, senti o sangue escorrer-me nas veias, senti o ar a penetrar as minhas narinas, senti o meu coração a palpitar, resumindo, senti. Depressa o céu mudou o seu contraste de cinza das fotografias antigas que retratam acontecimentos melancólicos, para o azul marítimo. Contigo a realidade dos meus olhos é outra. A tua realidade é real. Eu sinto.
Depois, eu virei-me para ti e disse, sente. E tu sentiste. Sentimos-nos. Elevaste-me para uma nuvem, sentimos-nos. Repousamos-nos um tempo indefinido na nuvem a sentir. Sempre a sentir. Eu continuamente sentia tanto, cada vez mais. Progressivamente.
Um dia fez-me noite, a negridão repousou sobre as nuvens. Nessa altura disseste-me, deixei de sentir. Deixaste de sentir, eu deixei de sentir. Mas continuei a sentir-te eternamente. Continuo a sentir que fazes falta.
Por isso, agora eu digo:
Fazes-me sentir de novo, se eu te fizer sentir?

1 Comments:

Blogger Daniel C. said...

Escreves super bem, este post é quase um desenho feito por palavras.
Para quando um livro?

Abraço

4:06 da tarde  

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