sexta-feira, janeiro 05, 2007

Colas-me?

Foi numa tarde, foi numa tarde que eu te vi. Fiquei totalmente paralisado.
Eu sou uma base de dados, recordo-me de tudo ao pormenor.
Senti a pedra desfazer-se cá dentro, derreteu-se. Tal e qual como mel.
Nunca tinha sentido nada do género, até ao momento.

Senti-me como se estivesse aprisionado num cubo invisível. Não era capaz de olhar em redor.
Fiquei como uma estátua, hirto. E tu? Não sei, não me cheguei a aperceber.
Se no momento sentisse uma vontade enorme em soltar qualquer coisa para fora eu não era capaz. Tal era o meu estado de admiração.

Será que foi a sorte, que me apanhou de surpresa? [bem provável]

Terá sido o acaso? [talvez]

Terá sido o destino? [totalmente excluído]

Uma coisa é certa, fui premiado, fui mesmo. Fui engolido pelo prémio, totalmente.
Resta saber se vou ser digerido. Se calhar não, acho que sofre de problemas estomacais.

Adiante,

O espanto que te apanhou…foi positivo?

Talvez sim, ou talvez não.

Mas, eu fui contagiado. Foi um vírus que me afectou, um bom vírus.
Ele limpou-me a negridão. O ar purificou-me o sangue.
Agora sinto-me desintoxicado.

E eu, eu perfumei-te os cabelos. Sim, assim eu não vou perder o teu rasto.
Eu não posso.

Tu pensas que fantasio, não, eu não sou a Alice.
Eu sou o Pinóquio e estou desmontado, totalmente. E em pedaços também, estou totalmente desfeito.
Mas tu podes-me colar, tens esse dom. Tens a cola também.
Colas-me?