segunda-feira, abril 09, 2007

Repouso.

Barulho e poluição sonora são os efeitos secundários das palavras quando as proferimos. Elas penetram-nos o ouvido, explodem. Causam distúrbios. De seguida, elas põe-se sobre nós, pesam-nos, diminuindo a dilatação da caixa torácica, devido ao seu peso a pesar em cima do corpo. Chega a um ponto que começa a sufocar. As cabeças ganham pés, andam desnorteadas de um lado para o outro, de um lado para o outro, sempre num desespero desumano. Imploração aos deuses do silêncio.

Quando as preces são escutadas, é-nos cedido um cenário de um campo rural. O cenário com distúrbios desaparece, levando consigo o ser que incomoda os outros. No cenário rural escuta-se o silêncio dos pássaros a cantar e a brisa do vento a fazer festas no trigo. Apenas. Permanência provisória no silêncio. Na tranquilidade.

No campo somos confrontados com o tempo, lá é-nos disponibilizado todo o tempo que pretender-mos de solidão. Quando está tudo digerido, voltamos ao meio natural. A convivência com as pessoas volta.

Estadia de lazer que não dura para sempre.