quinta-feira, novembro 29, 2007

Na corda.

Agarra-me, mostra-me o mundo.
Podes levar-me para tua casa e prenderes-me no teu estendal, usa as minhas mãos em forma de molas para me prenderes.
Deixa-me permanecer assim, deixa-me ver o mundo, quero viver a angústia que me faz gelar aqui, quero viver a angústia que me faz morrer de calor, quero sentir a noite e o dia. Deixa-me aqui e parte, vasculha o mundo.
Podes percorrer montanhas, vales, cidades, eu não me importo. Demora o que for preciso, consome o mundo até à exaustão.
Como anda a correr essa viagem?
Aqui, cá se vai andando, hoje o céu deu-me gotas com travo a maresia, ontem, o frio veio habitar na minha pele, anteontem fez sol, por acaso, as flores estavam muito vistosas, a cerejeira aqui da frente estava carregadinha. No outro dia estava no deserto, estava chateado, o sol.
Como disse na semana passada, espero que anda tudo encaminhado por aí. Tenho saudades. Leva o tempo que precisares, não te apresses.
Se algum dia achares que o mundo foi pequeno de mais para ti, lembra-te, que aqui também se vive o mundo. Tem muito boa vista, por sinal.
Permaneço estendido.

domingo, novembro 18, 2007

A ausência das tuas palavras é vazia. Faz-me sentir gélido e oco no interior.
Tal ausência degrada-me aos poucos e faz-me descer ao nível do solo, misturando-me com terra.
Eu e a terra a ser-mos um só. Tu a pisares-me.
Preferia que me atirasses palavras que magoassem como flechas, ao invés de ausentares as palavras.
Dói tanto. Tanto.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Tu ( Eu amo-te )

Eu gostava de ser um espírito e poder estar onde quisesse, quando assim o entendesse.
Com um simples estalar de dedos transportar-me automaticamente. Contemplar-te.
És bonita. Eu amo-te.
Espiritualmente estou sempre aí, mesmo quando a matéria não o permite e a carne desespera pela falta do teu toque, chegando mesmo a um ponto em que começa a assar, convertendo-se o meu corpo em chamas. No entanto, continuo a ter frio.
Fazes-me falta. Eu amo-te.
Quando o céu e o mar parecem um só, tu traças uma linha no horizonte que os diferencia. O céu leva a melhor. Tu levas sempre a melhor. É no céu que me fazes crer habitar.
Sinto-te. Eu amo-te.
Os ventos são soprados com numa forma tão sobre-humana, que ninguém é capaz de fazer seja o que for para o mudar. São ventos que num dia movem montanhas, no dia a seguir, estão porém a atormentar o mar. Juro que nunca percebi tanta indecisão.
Hoje amo-te. Amanhã vou amar-te.