segunda-feira, janeiro 29, 2007

Torna-se aborrecido ver miragens,
ver a tua miragem na minha cabeça,
vezes, vezes vezes vezes vezes, sem conta
e não lhe poder tocar,
existe uma nébula mental que o impede.

As palavras acumulam-se cá dentro aos poucos.
Aos poucos, aos poucos, umas em cima das outras,
criando inúmeras camadas delas.
As palavras do fundo vão-se dissipando lentamente,
chega a um ponto que tem de ser aberto um espaço para mais,
é o custo de não as conseguir libertar todas.
A mente não é um espaço infinito.

Infinitos, sim, são os sentimentos que vagueiam cá dentro,
andam de um lado para outro, agitados agitados,
fazem ricochete nas paredes do organismo e explodem,
são explosões que me vão degradando o interior.
É a consequência amarga da saudade.

Mas quando tenho o teu contacto,
as sementes do meu interior brotam,
as sementes que plantas em mim,
com o teu toque elas germinam,
até que acabam de nascer plantas.
Com o teu sol elas revitalizam o meu interior
e enchem-me a alma com uma aura incrível.

Quando chega a hora da separação,
após o sol se por, fica tudo murcho,
as plantas morrem,
e eu apodreço novamente.

domingo, janeiro 21, 2007

Estou cansado de contar palavras

Tudo o que eu quero é gastar o tempo,
melhor, quero rentabilizar tempo,
perder tempo por uma boa causa,
não perder todos os preciosos segundos, á toa,
concluindo, ganhar tempo,
sim, roubar tempo ao tempo.

O tempo não passa de um ser, que escreve linhas,
aliás, preenche linhas com acontecimentos,
sucedimentos que vale a pena recordar,
estes são impossíveis de esquecer,
por isso ficam escritos num caderno do tempo,
palavras escritas cuidadosamente,
já os tempos mortos, são folhas que vão para o "paper-basket",
são amarrotadas e deitadas fora,
é uma forma de desprezar a melancolia.

Eu já tentei tantas vezes negociar com o tempo,
nunca o consegui fazer devidamente,
já tentei oferecer-lhe um relógio e tudo,
foi, foi sem pilhas o relógio que lhe dei,
mas o sacana, comprou logo umas pilhas,
deve ser um reformado que detesta estar parado.

Ele de segundo em segundo,
de minuto em minuto,
de hora em hora,
passa a vida a chatear-nos,
ele não gosta de nós,
ok, eu também não gosto dele,

portanto, vamos ter de arranjar uma solução
para tramar o tempo,
estou farto que ele nos chame a atenção,
ando saturado de abrir e fechar a porta.

Vamos parar o tempo, vamos? [estou cansado contar palavras]


[as palavras representam cada segundo. estas preenchem as linhas de um caderno, linhas vazias que ganham e perdem vida ao mesmo tempo. há parágrafos preenchidos inutilmente, esses tentam-se completar. ou acabar com eles simplesmente.]

quinta-feira, janeiro 18, 2007

"Breath"

Tudo o que eu sei, é aquilo que tu sabes,
porém, há outras coisas que eu sei que sei que desconheces,
ou melhor, no fundo sabes mas finges que não sabes.
Por isso passo a citar:
Tu és o que há de mais valioso no mundo.

Não, agora não podem haver mais preocupações ou receios,
quero que respires sem receios.
Todos os maus episódios são insignificantes, nenhuma importância têm,
afinal não passam de uns meros sonhos/pesadelos,
sim, pura fantasia.

Portanto nada de mal pode acontecer, não há probabilidades para tal,
é tudo demasiado perfeito.

Eu apenas procuro a tua tranquilidade,
não quero que o teu coração bata a um ritmo acelerado,
quero que o teu coração bata a um ritmo acelerado,
sim, por felicidade, indiferença ao tempo [nem se dá fé]

De seguida sopro-te ao ouvido palavras harmoniosas,
sim, agora estás em meus braços,
podes, podes fechar os olhos.

Podes mesmo,

MESMO MESMO.


"No matter what you do I give my heart to you
And oh-oh-baby I will give to you no matter
What they say yeah, we can find a way
And oh-oh-baby we can find a way

I didn't know it till I walked you home
That, I feel the way I do and I don't care
What the neighbors say I always will be true
I always will love you love you a-wo-wo-wo-wo"

terça-feira, janeiro 16, 2007

Uma questão de Sobrevivência

Todas as palavras que profiro, são um espelho de mim,
tudo aquilo que procuro para mim é o que dou aos outros.

Tudo o que ela quer é impor as condições,
tentar proteger-me do que não me pode proteger,
matar-me vezes sem conta numa vida,
uma viva que eu nunca vivi antes.

Mas agora quero viver, quero mesmo, nunca o quis tanto,
mas não posso, ou melhor, não o permitem,
por isso, eu vou continuar morto,
porém, há uma pessoa no mundo que me pode dar vida,
mas é mesmo só uma.

É esse alguém quem me vale,
só que certas oposições teimam em quebrar-nos o contacto.

O contacto que necessito para viver,
por isso vou queimar as oposições todas, para não morrer.

Não passa de uma questão de sobrevivência.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Se eu pudesse reunir todas as palavras do mundo para exprimir um sentimento,
elas não seriam suficientes, elas não valem nada.
Elas não valem nada em relação a ti.

Não valem mesmo, por isso,
eu não as vou selar num envelope para te as mandar,
eu vou-me selar a mim próprio num envelope
e vou em teu encontro.

Aí não, não vão ser necessárias as palavras para nada,
só há o silêncio e nós.

E nós, não precisamos das palavras para comunicar.
O teu olhar é a coisa mais perceptível do mundo.

As palavras só são usadas em certas excepções,
para quebrar pequenas barreiras ou medos,
só.

Para mim, nada mudou desde o primeiro contacto,
porque a minha atitude sempre foi a mais pura e sincera possível [desde a primeira vez. desde sempre]

Agora sim, podemos respirar tranquilamente,
fechar os olhos também.

E nada nos pode afastar,


Repito,


NADA!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A Perfeição

Isto é forte de mais,
para que possa deitar pela janela fora,
não posso desperdiçar algo tão forte,
é precioso de mais [eu não quero morrer]

Eu deitava o mundo abaixo se isto se dissipasse,
nada mais faria sentido,
a partir desse momento,
tudo poderia explodir [não ia fazer diferença]

Mas, eu sei que aqui a perfeição existe,
não tenho dúvidas disso,
mas sinto um medo enorme,
que a perfeição se canse de mim

Nunca mais quero largar a perfeição.





you're so special.

Fim

Se dizem, o tempo é a coisa mais dominadora do mundo,
eu digo: não, não é, nós dominamos o tempo.
Ele só tem umas pequenas fugas de vez em quando.

Quase não se sente o tempo a passar,
ele bem tenta fugir, mas nós não deixamos,
somos mais fortes.

O tempo não passa de uma folha seca,
que cai de uma árvore.
É um processo em câmara lenta.

Nós só não conseguimos impedir o fim de fugir.


Bandido do fim.

domingo, janeiro 07, 2007

O Quiosque ( ou a cabine telefónica )

Não, aqui não existe raciocínio. Aqui só há sentimentos.
Aqui é onde o tempo passa rápido e devagar. Mas é o melhor sítio do mundo.
Eu quero ficar toda a vida aqui, para sempre. Ninguém me vai impedir.

Aqui é visível algo muito forte, algo que nunca antes foi visto. Que nunca foi sentido também.
Mas agora, agora é tudo tão diferente. É tudo tão melhor.
Os locais mais banais do mundo são agora os melhores. Contigo é tudo tão melhor.
Eu nunca mais posso ter medo. É impossível.

Aqui também há mudança. Aqui sou um ser tão melhor.
Nunca fui assim antes.
Aqui eu também sou feliz. [antes era um morto]

Agora estou ressuscitado. Obrigado, é tudo por tua culpa.


Eu sou o ser mais frágil do mundo. [Era]








you know.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Colas-me?

Foi numa tarde, foi numa tarde que eu te vi. Fiquei totalmente paralisado.
Eu sou uma base de dados, recordo-me de tudo ao pormenor.
Senti a pedra desfazer-se cá dentro, derreteu-se. Tal e qual como mel.
Nunca tinha sentido nada do género, até ao momento.

Senti-me como se estivesse aprisionado num cubo invisível. Não era capaz de olhar em redor.
Fiquei como uma estátua, hirto. E tu? Não sei, não me cheguei a aperceber.
Se no momento sentisse uma vontade enorme em soltar qualquer coisa para fora eu não era capaz. Tal era o meu estado de admiração.

Será que foi a sorte, que me apanhou de surpresa? [bem provável]

Terá sido o acaso? [talvez]

Terá sido o destino? [totalmente excluído]

Uma coisa é certa, fui premiado, fui mesmo. Fui engolido pelo prémio, totalmente.
Resta saber se vou ser digerido. Se calhar não, acho que sofre de problemas estomacais.

Adiante,

O espanto que te apanhou…foi positivo?

Talvez sim, ou talvez não.

Mas, eu fui contagiado. Foi um vírus que me afectou, um bom vírus.
Ele limpou-me a negridão. O ar purificou-me o sangue.
Agora sinto-me desintoxicado.

E eu, eu perfumei-te os cabelos. Sim, assim eu não vou perder o teu rasto.
Eu não posso.

Tu pensas que fantasio, não, eu não sou a Alice.
Eu sou o Pinóquio e estou desmontado, totalmente. E em pedaços também, estou totalmente desfeito.
Mas tu podes-me colar, tens esse dom. Tens a cola também.
Colas-me?

terça-feira, janeiro 02, 2007

Nada de nada

Eu queria dizer alguma coisa. Mas no fundo não sei dizer nada.
Podia preencher linhas com palavras, podia fazer jogos de palavras. Eu podia amontoar palavras para ocupar espaço.
Podia até comentar a meteorologia, o jogo de ontem. A guerra do Iraque, a frustração do mundo. A pobreza também. Mas não. Eu não vou falar de nada, eu não sei nada. Se nada sei de mim. Porque haveria eu de saber alguma coisa?
Resumo-me ao silêncio e nada mais. Como o ser mais banal do mundo.
Eu podia ficar um dia inteiro a escrever nada.